MANTA
DE RETALHOS
Promover
o envelhecimento ativo
O
envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da
humanidade mas também um dos maiores desafios do século 21, pelo
aumento exponencial das demandas económicas e sociais.
Porque
o envelhecimento começa no primeiro dia de vida, deve ser encarado e
vivido naturalmente como qualquer etapa da vida. Envelhecer com
saúde, autonomia e independência constitui hoje um desafio à
responsabilidade individual e coletiva, com tradução significativa
no desenvolvimento económico e social dos países, para o qual todos
como cidadãos, e independentemente da idade, deverão contribuir.
Cada
comunidade deverá adotar medidas para ajudar as pessoas mais velhas
a manterem-se saudáveis e ativas, prevenindo o declínio físico e
mental. Isto torna-se uma necessidade e não um luxo, pelo elevado
consumo de recursos humanos e materiais que o cuidar de pessoas
dependentes acarreta.
A
Associação Milho D’Oiro, consciente desta problemática, entendeu
a importância crescente de um envelhecimento ativo e assume como
objetivo social a sua promoção. Este ano desenvolverá atividades
que contribuam para a melhoraria da qualidade de vida e combater o
isolamento social das pessoas mais velhas da nossa comunidade, uma
dessas atividades é a
”
Manta de Retalhos”.
As
pessoas da 3ª idade são, geralmente, ignoradas como recurso quando,
na realidade são um recurso importante para a estrutura de qualquer
sociedade. Indivíduos carregados de experiência e de sabedoria,
armazenadas ao longo do percurso de vida, recolhidas em diferentes
contextos: social, familiar, cultural, profissional. Alicerces de uma
sociedade em constante construção para a qual contribuíram e podem
continuar a contribuir desde que lhe seja permitido. Para que este
recurso humano seja otimizado e potencializado é fundamental a
interdependência e a solidariedade entre gerações, por sua vez,
este intercâmbio só é possível com a criação de uma linha de
comunicação dupla entre jovens e velhos, com a partilha de
conhecimentos e habilidades.
Quantas
vezes nos sentamos ao lado de nossos avós, ou mesmo de nossos pais,
para escutar aquelas longas histórias que compuseram a vida e a
trajetória da nossa família e, consequentemente, a trajetória da
nossa vida? Quantas vezes param para pensar na importância do nosso
passado, nas origens da nossa família, e mesmo da nossa comunidade?
Indo um pouco mais longe, quantas vezes paramos para pensar que forma
a cultura da nossa cidade e de nosso país influencia o nosso modo de
pensar e de ver as coisas?
Nós
somos o produto dessas vivências. É o somatório de experiências
vividas no seio familiar e da comunidade da qual fazemos parte, que
moldam a nossa personalidade. Isto é o que se chama identidade
cultural.
A
“ Manta de Retalhos” pretende ajudar na procura dessa identidade,
o que significa explorar a nossa própria história, conhecermo-nos a
nós mesmos e tudo o que nos rodeia. Esta iniciativa terá como
protagonistas um grupo de idosos do Lar de S. João de Deus da Santa
da Misericórdia, em Gavião. Tal como o nome indica, consiste na
execução de uma manta composta por vários retalhos com
pinturas/desenhos feitos pelos participantes com o intuito de
representar, pela arte, a sua história de vida.
A
atividade desenvolver-se-á em três etapas. A primeira será já no
próximo dia 11 de Fevereiro, onde os idosos serão convidados a
contar e a partilhar as histórias da sua vida, esta será a forma de
resgatar e valorizar a história de vida de cada participante,
encorajar a expressão de emoções, criar relações de apoio
emocional, estimular a parte cognitiva pela atividade e combater o
isolamento social pela partilha.
A
segunda etapa permitirá a coleta de histórias da comunidade,
contadas por cada um dos participantes num retalho que fará também
parte da manta.
A
terceira e última, permitirá dar a conhecer à comunidade em geral
como cada um viveu os acontecimentos que fazem parte da história do
seu país e da humanidade em geral.
Assim
se construirá uma Manta, retalho a retalho, tal como se constrói a
identidade de cada um em particular e a de um povo em geral, pelo
somatório de vivências um longo do tempo.
Esta
é a premissa da Milho D’oiro, ajudar a envelhecer criativamente,
desmistificando mitos e os estereótipos de incapacidade,
improdutividade, de degenerescência, promovendo a saúde física e
mental, ao mesmo tempo, criando uma cultura de respeito pela
velhice,
Saber
envelhecer é uma arte que a todos deve ser ensinada e permitida sem
estigmas.
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